sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Uma rua no meio da história


O estádio onde o povo de Mandaguari (a 37 quilômetros de Maringá) viu o time da cidade vencer o Vasco da Gama (RJ), por três a zero, empatar com o campeão da Taça Libertadores da América de 1960, o São Paulo, de Pedro Rocha, e enfrentar grandes clubes brasileiros, como Corinthians e outros, não existe mais. No lugar das arquibancadas, o terreno de 21 mil metros quadrados vai abrigar casas de luxo.

O Estádio João Paulino Vieira Filho, onde o Mandaguari Esporte Clube (MEC) disputou a final do Campeonato Paranaense de 1960, é um dos mais antigos do norte/noroeste do Paraná, está sendo desmanchado por decisão da diretoria do clube, que chegou à conclusão que não tinha mais como pagar as despesas, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de mais de R$ 10 mil por ano, com zeladores e outros gastos. “O campo está em uma das áreas mais valorizadas de Mandaguari. Como não temos futebol, ele se tornou um elefante branco que só dá despesa”, diz o presidente do MEC, Isaltino Felício da Silva.

As razões da diretoria não têm a concordância de boa parte da população, principalmente dos moradores mais antigos, aqueles que viram as glórias do MEC, o Leão do Norte.

Aos 84 anos, Arlindo Caetano da Silva diz que vê a história morrer todos os dias ao abrir a janela da casa dele. Arlindo integra a história do Leão do Norte. Considerado o maior ponteiro direito da história do clube, chegou de Pernambuco para o time em 1955. Participou de todos os jogos importantes e mesmo quando o time acabou, em 1960, ficou morando dentro do estádio. “Todos as manhãs, quando abro a janela, vejo que falta um pedaço da arquibancada, que passou uma rua por dentro do gramado, que arrancaram as traves”, lamenta.

Arlindo tem a história do clube na ponta da língua, cita com facilidade as escalações do time em todas as temporadas, os principais jogos e até detalhes das partidas, das excursões, e acha que “essa mudança é resultado de terem deixado morrer o futebol da cidade”. “Se tivesse um time, o campo seria usado e ninguém ia mexer”, ressalta.

Texto: luiz de Carvalho / O Diário do Norte do Paraná













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